Teste da Linguinha será obrigatório em recém-nascidos

Nova lei torna obrigatório o teste em maternidades e hospitais a partir de 2015; Alagoas ainda não tem o serviço

 

A partir de 2015 a realização do Teste da Linguinha nas primeiras 24 horas do recém-nascido se torna obrigatório em maternidades e hospitais do Brasil. A lei foi sancionada pela Presidência da República e publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 23 de junho de 2014.

Maternidades e hospitais têm o prazo de seis meses para se adequar à nova legislação que conta a partir da data da publicação no DOU.

Para o autor do projeto de lei, deputado Onofre Agostini (PSD-SC) o diagnóstico precoce possibilita o tratamento imediato e a prevenção dos problemas decorrentes da anquiloglossia, termo científico para “língua presa”.

O Teste da Linguinha consiste na avaliação do frêmulo da língua em bebês recém-nascidos para verificar futuros problemas na amamentação e dentição.

Para que serve?

A realização do teste da Linguinha é importante para o desenvolvimento da criança. É através desse exame que poderá ser detectado algum eventual problema na fala, como a “língua presa”.

O teste consiste em verificar se existe alteração do frênulo – pele que fica sob o órgão, conhecido como freio – que é a membrana que liga a parte inferior da língua à base da boca. Caso seja detectada a “língua presa”, um pequeno corte na membrana é realizado.

De acordo com fonoaudiólogos, a técnica não causa dor alguma no bebê. O primeiro passo é examinar com os dedos o movimento da língua e a posição do flênulo. Em seguida, o médico observa e grava a amamentação da criança, para depois analisar os detalhes.

Os bebês com alteração no flênulo têm um número menor de sucção e um tempo maior de amamentação, algo em torno de oito a dez segundos. O normal é que essa pausa seja de quatro segundos e que a criança tenha uma quantidade maior de sucção.

Os problemas de sucção podem levar o bebê a ser desmamado antes do tempo certo.

Em Alagoas

Nenhum hospital realiza o exame, informa Secretaria da Saúde

A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde informou que o Teste da Linguinha ainda não é realizado em nenhum hospital de Alagoas.

“O Ministério da Saúde ainda vai determinar como o procedimento será implantando nos hospitais. Acredito que somente depois do período eleitoral, é que as secretarias de saúde dos estados deverão receber a recomendação”, explicou.

Para a pediatra Fabiana Bastos, do Hospital Universitário (HU) de Maceió, obrigar que esses tipos de testes sejam realizados sem garantir o tratamento dos recém-nascidos, caso sejam diagnosticados os problemas de saúde, não é um grande passo.

“Eu sou pediatra há 23 anos e lido com tantos problemas graves de saúde que nem parei para analisar a importância do Teste da Linguinha. Na minha opinião, existem problemas de saúde bem mais graves que devem ser tratados pelos hospitais públicos, mas em Alagoas o atendimento público deixa muito a desejar”, reclama.

A maioria dos pacientes de Fabiana são bebês cardiopatas, e a médica vive em constante luta para que os recém-nascidos consigam tratamento fora do estado com a intervenção da Defensoria Pública.

“Não adianta teste para diagnosticar uma doença que não será tratada no estado, sem que se consiga uma transferência na Justiça para um hospital especializado fora de Alagoas. Esses bebês precisam ser tratados aqui, mas sequer têm acesso a exames importantes nos hospitais públicos”, protesta a médica.

Por Tribuna Hoje