AL registra no período de três meses 500 casos de esquistossomose

Em 2014, 15.887 exames foram realizados e 1.149 deram positivos. Agentes de saúde orientam população que tomam banho no rio no interior.




De janeiro a março desde ano foram registrados cerca de 500 casos de esquistossomose em Alagoas. Em 2014, 15.887 exames foram realizados e 1.149 pessoas foram contaminadas pela doença. Os rios que cortam a Zona da Mata do estado são as regiões que mais preocupam os órgãos de saúde.

A técnica em laboratório, Valdirene Ferreira de Oliveira diz que sua experiência como profissional de saúde a fez perceber o quanto era grave a situação do pai, pouco antes de ele morrer, há dois anos.


“Meu pai escondia que estava doente. Só vim descobrir que ele espirrava sangue quando já não podia fazer nada. Ele ia muito ao rio, então percebi que era esquistossomose”, afirma.

O risco de contaminação que matou o pai de Valdirene continua presente no rio em que ele contraiu a doença. Em menos de meia hora, o responsável pelo programa de controle, da rede pública de saúde, recolheu cerca de dez caramujos de água doce, o hospedeiro intermediário do parasita Schistosoma Mansoni.
A partir das fezes de pessoas infectadas, os ovos liberam larvas que precisam do caramujo para sobreviver. Se conseguirem, em uma outra fase, as larvas infectam a água e, depois, o homem novamente, penetrando a pele e mucosas. Todo este ciclo se dá no rio. E na pessoa contaminada, a doença afeta vários órgãos.
José Lito Barbosa mora em Palmeira dos Índios e foi uma das vítimas. A ascite, uma dilatação do abdômen, conhecida como "barriga d'água", é provocada pelo plasma que escapa do sangue nas hemorragias internas.
Por causa da doença, Barbosa teve de extrair o baço, mas, ainda convive com as complicações. “Eu não conseguia dormir, não conseguia andar. Ficava com a barriga inchada. É muito ruim”, diz.
Técnicos do Ministério da Saúde cedidos ao município de União dos Palmares foram ao Rio Mundaú e em menos de cinco minutos recolheram vários caramujos. “Trabalhamos indo nas casas para orientar as pessoas a fazer o exame. As pessoas que possuem a doença, nós convencemos a tratar”, diz José Luciano de Oliveira, coordenador de Endemias.
O rio que corta a cidade é um dos mais importantes da Zona da Mata alagoana. Segundo os técnicos, tanto a Bacia do Mundaú quanto a do Rio Paraíba, o outro mais importante da região, estão em situação endêmica.
Os técnicos também abordam pessoas que flagraram tomando banho e lavando carros no rio. O motorista Paulo Pereira Júnior afirma que reconhece o risco. "Apesar de lavar o veículo com água corrente, por que não faz muito medo. Mas sei que é arriscado", informa.
Já o montador Marconde Augusto da Silva, diz que não tem costume de ir ao rio. "Desde criança eu escuto que o lugar é usado para a lavagem dos carros. Mais adiante, há estabelecimentos que usam a água do rio para lavar os carros", explica.
A técnica do Programa de Controle a Esquistossomose da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Jean Lúcia dos Santos, informa quais os sintomas que uma pessoa que contrair a doença pode vir a sentir. Os sintomas demoram em média dois meses para aparecer.
"Os sintomas se confundem com qualquer verminose, e qualquer sintoma que a pessoa apresentar ela deve procurar o médico para fazer o exame. Eles são as dores de barriga, falta de apetite, moleza, dores no corpo", explica.
Ainda de acordo com Jean Lúcia, o exame de fezes é o mais comum para diagnosticar a doença, e caso isso não ocorra, a pessoa pode realizar um ultrassom e uma sorologia para identificar a esquistossome.


Por G1 Alagoas

Segunda-Feira, 20 de Abril de 2015
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