Neste domingo (2), é Dia de Finados. Por todo país, as pessoas foram ao cemitério prestar homenagens aos que já se foram.
Com a morte não se brinca. Pelo contrário, tem gente que leva ela muito a sério!
Em Piracaia, no interior de São Paulo, existem muitas regrinhas na hora de cuidar dos mortos. Gerson, dono da funerária, conta as poucas e boas que já viu em dez anos no ramo.
“Já aconteceu de uma pessoa um pouco alcoolizada dar cigarro para o falecido. Era o irmão dele que tinha morrido e ele queria que o falecido fumasse de todo jeito. Ficou bravo ainda que não aceitou”, lembra Gerson.
Velório não é bagunça! Pensando nessas situações esquisitas, Gerson criou uma cartilha de etiqueta para velórios.
Por exemplo, celular de preferência desligado ou no modo silencioso para não perturbar a paz do falecido. A medida não é à toa. Gerson conta que já tocou hino de time de futebol e até funk na hora do enterro.
Outra regra de etiqueta é referente à moda no velório.
“Não tem necessidade de vir todo de preto. Também não precisa vir de rosa, de roxo, nem com a barriga de fora”, aconselha o dono da funerária.
Barriga de fora, decote, nada disso combina com velório. E cachorro, pode? “Ele acompanha todos os velórios”, diz Gerson.
É o melhor amigo dos defuntos. Quem trabalha com a morte coleciona histórias bem curiosas, como o coveiro Gilberto, de São Paulo.
“Tinha uma senhora chorando em cima do caixão de um homem, que era esposa dele. E de repente, a mulher sentou e chegou uma outra, e chorou também. Ai as duas começou a brigar. ‘Eu não sabia que ele me traía, eu não sabia que ele me traía’. Quando as duas estavam sentadas, chegou mais outra. Aí as duas caíram em cima da terceira”, lembra o coveiro Gilberto.
Para uma saia-justa dessa, não tem cartilha que salve. Quando não está no cemitério trabalhando, Gilberto se transforma em motoqueiro e sai por aí para visitar outros cemitérios.
“Sempre gostei de cemitério. Cada cemitério que eu vou eu ponho uma coisa na minha moto”, conta Gilberto.
Ele não é o único que gosta de guardar lembrancinhas macabras. De São Paulo vamos para Crato, no Ceará, quase divisa com Pernambuco.
Quem bate as botas em Crato, vai direto para coleção de santinhos de Roberto Souza Brito.
“Sou taxista e minha mania é colecionar santinho das pessoas que já faleceram. Tiro até de jornal. Quando eu vejo aquela cruzinha, aí eu digo 'morreu'. Aí eu tiro”, conta o Roberto, que já tem mais de dez mil fotos na coleção.
O que ele faz com tudo isso? Uma vez por ano o taxista pega todos os cavaletes, coloca numa caminhonete e leva tudo para a praça. É a expo-morte!
“Quando falta uns dois meses o pessoal já fica cobrando. ‘Não vai fazer não, a exposição, não?’ Eu falo 'vou!’ Teve uma mulher que passou lá na praça, na época da exposição, aí disse 'você tem muita foto aqui, mas você nunca que vai botar a minha’. Eu disse 'é', mas quando foi com sete dias ela morreu. Aí já tá por aqui”, conta Roberto.
Quem disse que a morte não pode ser divertida?