“Galinha de mulher parida” – mas só com reserva
Por TNH
É um legítimo boteco, sem placa nem cardápio. Não aceita cartão e nem tem garçom… Mas em compensação tem a melhor “Galinha de Mulher Parida” de Alagoas.
Para se deliciar nessa tradição ou saborear uma legítima galinha velha (criada no sítio) ao molho de cabidela (molho pardo), em primeiro lugar, faça reserva com a Marinalva dos Santos, pelo telefone 9173-6630. E só depois disso, com lugar e prato garantidos, parta para o Bar do Doge, povoado de Malhada, em Marechal Deodoro.
Boteco com reserva? Existe e dos bons. Dona Marinalva cuida do bar e da cozinha com o auxilio privilegiado da própria família, formada pelo esposo Josevaldo dos Santos (Doge), sua filha Elisana e a neta Maiara (exímia cantora). Como o empreendimento é pequeno, o preparo das galinhas é realizado com um dia de antecedência – daí a reserva ser indispensável.
“Galinha de Mulher Parida” (com a variação “Pirão de Mulher Parida”) é uma receita tradicional alagoana na dieta feminina típica do “resguardo” das mamães. A nossa chef da gastronomia popular, Marinalva, seguiu naturalmente a tradição, e após o nascimento dos seus três filhos, durante, não só se fartou nessas receitas como aprendeu a fazê-las muito bem.
Para elaborar esse clássico prato, ela começa a preparação um dia antes. Receita Marinalva: primeiro se condimenta a galinha apenas no tempero (cominho com pimenta do reino), alho, vinagre e sal. “Não uso tomate, pimentão e nem cebola, primeiro cozinho no fogo de carvão por mais de uma hora”, conta a alagoana que só trabalha com a penosa criada com farelo de milho e ração.
Para a ave ir ao fogão é necessário atingir a idade média de oito meses. Mas as galinhas velhas executadas pela nossa chef têm textura macia. Em resumo, o estilo dela na cozinha é a leveza do tempero, comida farta e saborosa. Na receita das galinhaças, se o freguês se desejar pode encomendá-las com sangue talhado.
A galinha ao molho pardo de Marinalva é menos encorpada, bem diferente das preparadas no resto do Estado. Portanto, com sabor mais leve. Na cozinha do Bar do Doge também saem outras pérolas: miúdo de galinha, camarão na manteiga e alho, sarapatel, peixe, bisteca e até peru. Porém, não se esqueça de ligar antes e encomendar…
Antes de compartilhar seus conhecimentos gastronômicos com seus fiéis clientes, Marinalva trabalhou, dos oito aos 30 anos como cortadora de cana, depois labutou como merendeira escolar e, finalmente, se aposentou. Já seu esposo Doge, também ex-cortador de cana, é atualmente vigilante.
Marinalva conta orgulhosa que fizeram “das tripas coração” para manter os filhos longe do canavial e dentro da sala de aula. “Eu e meu marido, quando faltava dinheiro, a gente ia na lagoa pescar para alimentar os nossos filhos, a gente sempre lutou para eles terem um futuro melhor que o nosso”, lembra.
Bar do Doge está num sitio maravilhoso em Marechal Deodoro. Não é fácil localizar, mas, na cidade, todo mundo sabe explicar. Uma vez acertando o caminho do bar, a gente sempre retorna, pois a comida da Marinalva é simples, tradicional e saborosa, deixa saudades e gostinho de quero mais.
Rota Bar Doge
Galinha de Mulher Parida – R$ 70,00 (para três pessoas, mas consumindo alguns petiscos antes, quatro pessoas comem muito bem). Cerveja gelada. Água de coco tirado do pé, na hora.
Povoado da Malhada, Marechal Deodoro. Telefone (Marinalva): 9173-6630
Funciona nos dias de sábados e domingos, das 11 até as 16 horas
Não aceita cartões
Como chegar: No trevo da praia do Francês, dobrar à direita, no sentido da cidade de Marechal Deodoro. Depois do segundo quebra-mola entrar novamente à direita (Barbearia e do deposito comercial do Juan), e seguir pela estrada de barro em direção à colina, até próximo a igreja de São Pedro.
“Galinha de mulher parida” – mas só com reserva
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outubro 31, 2014
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