Fantástico denuncia desvio de verbas em cidades devastadas por enchentes de 2010
Municípios visitados pela reportagem foram Santana do Mundaú, Rio Largo e União dos Palmares.
As cidades mostradas nas reportagens foram Palmares, em Pernambuco, Santana do Mundaú, Rio Largo e União dos Palmares, todas cidades alagoanas.
Tais atos por mais assustadores que sejam não devem ser motivo para desacreditar da política, até porque a responsabilidade é nossa, votando ou não votando. O silêncio dos bons permite que os maus façam a festa e triunfem eternamente até que os homens de bem desse estado decidam fazer algo concreto, real e possível.
Por Blog do José Marques
O Fantástico, programa jornalístico da
Globo, esteve em Alagoas e Pernambuco para mostrar como estão as
condições de algumas cidades que foram devastadas pelas enchentes de
2010 e como milhões de reais, dinheiro público, foram investidos.
As cidades mostradas nas reportagens foram Palmares, em Pernambuco, Santana do Mundaú, Rio Largo e União dos Palmares, todas cidades alagoanas.
A realidade mostrada pela reportagem
não foi de grandes obras e pessoas felizes, mas de casas inacabadas,
escolas destruídas, postos de saúde que não existem de fato e pessoas
que são tratadas como qualquer coisa, menos como pessoas.
Foram enviados para os dois estados cerca
de 3,5 bilhões de reais com destino certo: educação, saúde e
reconstrução das casas dos desabrigados. O que de fato existe são as
obras atrasadas quatro anos depois da tragédia das enchentes, onde
milhares de alagoanos e brasileiros se mobilizaram para ajudar as
diversas famílias que tiveram suas vidas destruídas com as águas das
chuvas.
Foram 19 cidades alagoanas e 68
pernambucanas atingidas pelas força da enchente do Rio Mundaú,
desabrigando aproximadamente 100 mil pessoas e ocasionando várias
mortes. A primeira cidade alagoana a aparecer na
reportagem do Fantástico foi Santana do Mundaú, onde uma escola foi
construída para receber os estudantes, mas a construção não durou muito
tempo e desabou.
Segundo o representante do Governo do
Estado, Herbert Motta, a construtora assumiu o erro na construção da
escola e que em breve uma nova escola será construída sem custar nada
mais ao Estado. Das 55 escolas que foram destruídas, ainda faltam 14
serem entregues pelo Governo de Alagoas, que não anda com pressa e sim
numa morosidade já conhecida por todos. Herbert Motta afirmou que daqui pro final
do ano 100% das unidades serão entregues. Pode ter certeza que isso
acontecendo o Governo do Estado irá fazer uma grande festa, apresentando
tais obras, como grande conquista e não como uma grande vergonha que
foi.
Depois de Santana do Mundaú a segunda
cidade alagoana destaque na matéria foi Rio Largo, onde existe uma
unidade de saúde que custou 500 mil reais e está completamente
abandonada, sem contar uma escola que estava em construção e no momento
está parada. Segundo Toninho Lins, prefeito da cidade, o
motivo dos atrasos nas obras foi uma crise política que lhe afastou do
mandato por um ano e meio, já que ele foi acusado, somente, de
improbidade administrativa e formação de quadrilha.
Além da escola e do posto de saúde, outro
problema foi apresentado pela reportagem, são os ônibus escolares novos
enviados pelo Governo Federal no começo do ano e ainda não foram usados,
porque segundo prefeito os ônibus ainda não têm seguro. Enquanto isso,
segue pagando mais de 100 mil reais por mês com aluguel de ônibus
particulares e em péssimo estado.
A terceira e última cidade alagoana foi a
histórica União dos Palmares, delas saíram as mais densas denúncias
feitas pela reportagem. União foi a cidade mais devastada pela enchente,
onde quase cinco mil casas foram destruídas pelas chuvas. A reportagem mostrou, num dos conjuntos
habitacionais, muitas casas vazias, abandonadas e até depredadas. Ou
seja, mais dinheiro público jogado no lixo.
Muitas dessas foram dadas para pessoas que
não foram vítimas da enchente, mas para pessoas que passaram por um
“cadastro” na prefeitura em troca de votos. Escambo eleitoral do século
XXI.
A prefeitura teria realizado diversos
pagamentos para serviços que nunca foram feitos, e tudo isso sempre com
notas fiscais no mínimo curiosas.
Um caso que foi retratado no Fantástico
ficou muito conhecido aqui em Alagoas que foi o caso da moto que
“transportou” diversos professores para um evento, moto que está em nome
de um homem, que é pai de um vereador de União. Valor da nota: 2 mil
reais.
Também há outros tantos pagamentos
suspeitos, como de serviços nunca executados: construção de sala de
aula, instalação de aparelhos de ar-condicionado e transporte de alunos e
professores. Esses detalhes grosseiros nas notas foram
erro de digitação, disse um comerciante visivelmente nervoso e o
prefeito Beto Baia. Porém o que se encontra é um grande equívoco, pois o
erro se repete em outras notas.
O Fantástico conferiu uma nota do valor de
R$ 3,5 mil, para transporte de professores. Encontraram outra moto. Só
que agora, na cidade de Maranguape, no Ceará, distante apenas 900
quilômetros de União dos Palmares.
O prefeito de União dos Palmares alegou
que tudo não passou de um simples erro de digitação na emissão das
notas. Ao ser perguntado se ele sabia desse esquema, usou de duas
palavras eternizadas por um ex-presidente: Não sei!
Beto Baia não sabia o que estava acontecendo e disse para o repórter que se sentia “muito, muito, muito constrangido”.
Quatro anos depois de tudo que aconteceu
vemos que os nossos gestores são os mesmos e seus pensamentos se
repetem. O coletivo não tem direito a nada, somente o particular, eles
próprios.
Tais atos por mais assustadores que sejam não devem ser motivo para desacreditar da política, até porque a responsabilidade é nossa, votando ou não votando. O silêncio dos bons permite que os maus façam a festa e triunfem eternamente até que os homens de bem desse estado decidam fazer algo concreto, real e possível.
A matéria que foi apresentado no
Fantástico nesse domingo não pode ser utilizada para aumentar o
sentimento de vitimização de alguns medrosos e acomodados, mas de
revolta e de protagonismo. Pois só com esses sentimentos que poderemos
fazer o melhor pelo nosso Estado.
Quando temos orgulho do nosso chão e
quando assumimos o protagonismo da nossa vida, cuidamos melhor do nosso
espaço, da nossa cidade, do nosso Estado. Alagoano assuma o papel principal dessa
história e comece a real mudança que Alagoas precisa viver para
transformar essa realidade.
Por Blog do José Marques
Fantástico denuncia desvio de verbas em cidades devastadas por enchentes de 2010
Reviewed by Unknown
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setembro 15, 2014
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