Da colmeia para a prateleira: empresa aposta em produção própolis em pó e mira mercado internacional

Apícola alagoana também produz vinagre e vinho de mel para alta gastronomia


Não é de hoje que o mel e a própolis vermelha produzida em Alagoas tem despertado o interesse de empresas e consumidores de várias partes do país. Apostando na combinação de conhecimento e empreendedorismo, o engenheiro agrônomo Mário Calheiros passou parte da vida aprendendo a lidar com as abelhas. Da produção do mel, a apícola de Mário decidiu inovar para produzir derivados destinados à alta gastronomia. Hoje a empresa se prepara para alçar voos mais ousados para levar os produtos de Alagoas para outros países e adentar no mundo farmacêutico.
A chácara Âncora, localizada na parte menos povoada de Fernão Velho, abriga a estrutura da Apícola que leva o nome do bairro. Em meio ao cenário verde, a empresa se fixou no local no ano de 1997 e hoje é a pioneira no país a produzir vinho, vinagre e outros derivados do mel.
A história de Mário com as abelhas vem desde 1995 quando ele desenvolvia pesquisas e consultorias na área de apicultura. Entusiasta por conhecimento começou a visitar países para buscar informações sobre o cultivo de abelhas. Em uma viagem ao Canadá descobriu o processo de produção de vinho a partir do mel, o hidromel, que mudaria os rumos da empresa recém-implantada aqui na capital.
“Em 1999 estive no Canadá com minha família e fui até a parte Norte do país, que possui mais influência francesa e lá vi o processo natural onde eles transformam o mel em vinho de mel. Voltei para Maceió com essa ideia e procurei a Ufal para estudar como produzir. Só que percebemos que para consumir esse mel de forma fina, teríamos que montar uma adega de envelhecimento. Um professor recomendou que fizéssemos produtos na linha gourmet, que ao contrário do vinho, que precisa de pelo menos três anos para estar no ponto de consumo, esse em apenas seis meses está pronto”, explicou.
Da ideia surgiu o vinagre de mel, a variação com ervas finas, depois pimentas do tipo biquinho conservada no vinagre de mel e o extrato da própolis vermelha. E é a própolis vermelha exclusiva de Alagoas que deve levar o empreendimento para o ramo farmacêutico com a produção da própolis vermelha em pó.

“Já vendemos os vinagres em vários supermercados de Maceió e também em São Paulo, Curitiba e Brasília. Somos os únicos no país com uma linha de mel voltada para a alta gastronomia. Em paralelo a esta linha gourmet, nos últimos anos vínhamos pesquisando, ensinando as pessoas, e montamos uma estrutura para produzir a própolis vermelha para fins farmacêuticos. Com isso pretendemos atingir o mercado internacional”, comentou o empreendedor.
E um dos destinos da linha farmacêutica está do outro lado do mundo, no Japão. O país é o maior consumidor, movimentando cerca de R$ 300 milhões de dólares por ano. Dados da Japan Trade Organization mostram que 92% de toda a própolis in natura consumida pelos japoneses é de origem brasileira. Na lista também figuram Estados Unidos, China e Alemanha. O diferencial da própolis produzida em Alagoas e que pode alavancar as vendas está justamente nos benefícios para a saúde, entre eles a ação antimicrobiana, anticâncer, antioxidante, a prevenção de doenças cardiovasculares, além de combate ao colesterol, osteoporose e sinais da menopausa.
O mel e a própolis como fatores de mudança social
Até o mel e seus derivados chegarem à mesa e às prateleiras pelo país, há um processo longo, que demanda a participação de várias pessoas. O entusiasmo de Mário foi aliado ao conhecimento de acadêmicos e professores da Universidade Federal de Alagoas, aos filhos e a esposa que tocam o projeto junto com o empresário e de vários colaboradores que conseguiram mudar de vida ao cultivar abelhas.
Desde 2006 um grupo de ex-catadores de caranguejo, pescadores e artesãos da comunidade Palateia, na Barra de São Miguel, fornecem própolis à apícola que quer transpor as barreiras locais.
A Apícola Fernão Velho está inserida no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APL) Litoral e Lagoas, junto com outras nove associações. Atualmente sua atuação está em três municípios, mas a intenção é de estender o projeto em todas as 22 cidades distribuídas na faixa litorânea de Alagoas.

Dados da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplande) mostram que existe um trabalho realizado em conjunto com as associações para identificar, capacitar e inserir no mercado pessoas com potencial. De acordo com a coordenação do Programa de Arranjos Produtivos Locais, entre 2013 e o primeiro semestre de 2014 foram investidos recursos da ordem de R$ 177.761.
Focado na produção de uma derivação da própolis vermelha para o mercado farmacêutico, a apícola recebeu um investimento de material que custou mais de R$ 500 mil, custeado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e pelo governo federal. A equiparação da unidade de processamento da apícola visa justamente transformar a própolis em pó. O trabalho, segundo Mário, é fruto de pesquisas junto ao curso de farmácia da Ufal. Parte dos estudos teve que ser realizado em Glasgow, na Escócia.
“Hoje conseguimos certificar a própolis vermelha com um selo que dá a ela exclusividade e também organizamos esses colaboradores em uma associação, a Uniprópolis. Agora conseguimos o apoio da Fapeal para investir também nesse mercado”, explicou Calheiros.

Por Cada Minuto



Da colmeia para a prateleira: empresa aposta em produção própolis em pó e mira mercado internacional Da colmeia para a prateleira: empresa aposta em produção própolis em pó e mira mercado internacional Reviewed by Unknown on setembro 22, 2014 Rating: 5

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