Collor tem direito de resposta e o dever de enfrentar o embate democrático

Após faltar a debate, candidato à reeleição quer responder a ofensas de Heloísa Helena na TV Pajuçara

Depois de optar por não enfrentar, olho no olho, as críticas e acusações de seus adversários, no último sábado (20), o senador e candidato a reeleição Fernando Collor (PTB) ingressou na Justiça Eleitoral com um pedido de direito de resposta às ofensas sofridas durante o polêmico debate da TV Pajuçara.

A informação publicada no blog do jornalista Volney Maltadá conta de que a coligação de Collor, “Com o povo para Alagoas mudar”, entende que o ex-presidente da República tem direito de resposta na programação da TV Pajuçara, porque foi ofendido pela ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), quando reagiu ao suposto “abraço forte” que o ex-senador Luiz Estevão teria lhe enviado pelo candidato a senador Elias Barros (PTC).

O motivo é que, ao justificar não ter tido um caso amoroso com Luiz Estevão, Heloísa acabou afirmando que o ex-senador e Collor eram apontados em Brasília como supostos envolvidos no caso emblemático de impunidade, de um estupro e assassinato de uma criança, Ana Lídia, de sete anos.

O senador fugiu – sim, a palavra é fugiu – do debate e das ofensas. Mas fez isso alegando justamente que previa ser alvo de acusações e agressões.

Confortável por liderar as pesquisas de intenção de votos, Collor agora quer responder ao que se negou a sequer presenciar. E sua defesa alega que ele não tinha obrigação legal de comparecer ao debate. Tem razão.

Mas um representante que se dispõe a renovar a representação da população alagoana por mais um mandato de senador, por oito anos, deveria estar preparado, disposto e acostumado a encarar qualquer que seja o jogo de qualquer que seja o tipo de adversário. E talvez até esteja, mesmo que tardiamente. Talvez também tenha sido forçado ou convencido por eventuais argumentos baseados em estratégias de marketing político.

Tais respostas de Collor já seriam públicas, se ele tivesse comparecido ao debate, promovido com objetivos de garantir ao eleitor o acesso a informações que serviriam de argumento para a decisão do voto, em 5 de outubro.

No debate, não houve máscaras do marketing eleitoral e do discurso preparado, revisado ou encomendado.

Independentemente do resultado do julgamento do pedido de Collor, o senador não tem apenas direito de responder aos seus eleitores e ao povo de Alagoas. Collor, ex-presidente da República, com décadas de vida pública, tem o dever de responder não apenas às ofensas de Heloísa.

Collor deve satisfações à população alagoana, que o tem como opção de voto. E poderia responder também se tem alguma relação com o candidato Elias Barros, como sugeriu Heloísa.

Em busca dessas respostas, o Blog do Davi Soares entrou em contato com a assessoria de imprensa ainda durante o debate do sábado, antes de repercutir as declarações de Heloísa. E continua à disposição do senador.

Mas, pelo visto, nossos leitores também deverão aguardar por decisão da Justiça Eleitoral para saber o que Collor tem a dizer sobre o que aconteceu no debate que ele decidiu não ir. Tudo virá à tona, sem direito a réplica, nem tréplica dos adversários ignorados no debate democrático. 

Até agora, todos perdemos.

Por Blog do Davi Soares ( Cada Minuto)